quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mala da Revolução de Comportamentos

Você já deve ter ouvido alguém falar que se você nunca fez um ménage a troe você não entende nada de sexo. Ou que se você gosta mais de filmes hollywoodianos do que iranianos, não merece o respeito de um autêntico amante do cinema.

 Coisa chata não? Pois é, então você já teve o prazer de conhecer o mala da revolução de comportamentos. São essas pessoas que acham que se você não ousa o máximo em tudo o que faz é um careta retrógrado e que gostar do convencional é coisa de gente sem criatividade. Se identificou? Então continue lendo.

 O motivo pelo qual isso é chato é porque é uma atitude vazia. Apenas uma resposta natural ao que é considerado “Padrão”. Dá uma aparente sensação de liberdade mas na verdade você não está livre ali, está tão preso quanto o outro “certinho”. Nunca vai ficar satisfeito com algo que não seja ousado e isso é uma forma de prisão também.

 A real liberdade surge quando você consegue fazer todas as suas atividades – seja fazer sexo, assistir a um filme, lavar a louça ou saltar de bungee jump – com sua plena atenção. Observando suas aflições e tentando dissolvê-las na relação que se desenvolve no primeiro caso, percebendo se está focado no que te provoca no filme, ou vendo-o já através de um véu de preconceitos. Se faz a atividade com vontade e precisão, atento a suas sensações de preguiça e descaso, no caso da louça. Saltar de bungee jump é mais fácil, é quase impossível não ficar totalmente focado no presente nessa situação.

 Mas se no dia-a-dia isso parecer complicado, faça apenas esse exercício: haja como se você fosse morrer amanhã. Pode parecer apelativo, mas isso dá profundidade as coisas (e se for pensar bem, ninguém tem garantia de que vai viver até ficar velhinho). Nessas circunstâncias você ainda iria achar o sexo a dois careta ou isso seria apenas um detalhe perto da dimensão enorme que essa atividade ganharia?


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